Representantes dos Ministérios do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, do Meio Ambiente e da Ciência e Tecnologia assinaram, nesta quarta-feira (18/07), com representantes de vários setores da indústria, protocolo de intenções sobre o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL).
O documento visa conscientizar a sociedade civil sobre o papel do MDL e do mercado de carbono na redução da emissão de gases que provocam o efeito estufa (uma das principais causas do fenômeno de aquecimento global) na atmosfera.
Em solenidade na Confederação Nacional da Indústria (CNI), o secretário de Desenvolvimento da Produção do Ministério do Desenvolvimento, Nilton Sacenco, destacou as oportunidades de negócios que se abrem com a implementação desse tipo de desenvolvimento, além da redução na emissão de gases e do benefício ecológico resultante da medida.
"Existem recursos que podem vir através do Protocolo de Quioto [assinado em 2000, estabelece metas para redução de gases que provocam efeito estufa por países desenvolvidos e em desenvolvimento], que permite a redução na emissão de carbono por países que tenham projetos nesse sentido, e o Brasil se encaixa dentro desse cenário", disse Sacenco.
Para ele, tais projetos poderiam render ao Brasil cerca de US$ 3 bilhões em cinco anos, mas o baixo número de proposições - pouco mais de 200 no total - faz com que o país aproveite apenas 30% desses recursos em potencial. A assinatura voluntária do protocolo de desenvolvimento limpo, segundo ele, representa um importante passo nesse sentido.
"É uma maneira de se organizar para isso, organizar a sociedade, as empresas, o governo e as comunidades como um todo. O Brasil se encontra em terceiro lugar em número de projetos que visam capitalizar recursos do Protocolo de Quioto - perdemos para a China e a Índia. Nada mais natural que aumentemos o número de projetos até para colocar em prática nossos discursos em torno da matriz energética limpa", ressaltou Sacenco.
O gerente-executivo de Competitividade Industrial da CNI, Maurício Mendonça, destacou o caráter oportuno da assinatura do protocolo, que, para ele, permitirá uma aceleração das ações da confederação e de outras entidades empresariais para reduzir os problemas derivados de mudanças climáticas. Segundo Mendonça, mesmo que as taxas brasileiras de emissão de carbono não sejam muito altas e que a indústria não seja o setor que mais contribui para a elevação delas, o importante é o exemplo, e o setor industrial deve se configurar como pólo efetivo de combate ao aquecimento global.
Assinado o protocolo sobre desenvolvimento limpo, o próximo passo será formar uma comissão com representantes do governo e de cada signatário do documento para implementar metas, ações e prazos. De acordo com o secretário Nilton Sacenco, o prazo deverá ser o mais curto possível, pois a matéria exige pressa e urgência.
O capital também quer ser verde
No bilionário mercado americano de capital de risco, uma tendência tem se mostrado cada vez mais forte - a busca dos investidores por negócios "verdes". Segundo estimativas da consultoria Cleantech Network, nos últimos dois anos o setor de venture capital injetou cerca de 3 bilhões de dólares em pequenas empresas criadas por empreendedores que buscam soluções para problemas relacionados ao meio ambiente. Um dos expoentes dessa onda ecológica é o investidor John Doerr, do fundo Kleiner Perkins Caufield e Byers. Num passado recente, Doerr viu as possibilidades da internet e ficou rico ao apostar num destino brilhante para companhias de tecnologia, como Compaq e Google. Agora faz o mesmo com os negócios verdes. Nos últimos tempos, Doerr levantou 200 milhões de dólares para investir em negócios movidos a inovações ambientais. No Brasil, um fenômeno semelhante vem ganhando corpo. "Não é possível precisar quanto está sendo investido, mas sabemos que essa é uma tendência que certamente vai crescer", afirma Marcus Regueira, presidente da Associação Brasileira de Private Equity & Venture Capital (ABVCAP).
(Fonte: Agência Brasil e Revista Exame)